Após pandemia, 20% das profissões deve manter trabalho remoto

Um dos reflexos mais impactantes da pandemia do coronavírus nos setores econômicos foi a antecipação forçada de tendências que, aos poucos, vinham se mostrando realidade. Aquele retorno ao seu escritório, tão esperado por muitos, talvez, não aconteça. Não porque o emprego está ameaçado, mas pelo trabalho remoto ter se mostrado como uma realidade totalmente possível e que só tende a se consolidar a partir de agora. O que já era comum na rotina de consultores, jornalistas, desenvolvedores da web e alguns profissionais da educação, agora, faz parte da realidade de trabalho de muitas outras áreas. Nesse texto, explicamos porque isso tende a ser algo definitivo. Tendência que veio para ficar - Embora já faça parte do dia a dia de muitos profissionais em países com alto índice de desenvolvimento, a modalidade de trabalho remoto no Brasil ainda era adotada em poucos setores. Isto era algo associado às empresas com uma certa modernidade na forma de flexibilizar os horários de trabalho. Agências de publicidade, redações de jornais, startups e empresas de tecnologia são exemplos em que os profissionais têm a possibilidade de produzir remotamente, não necessariamente em casa, pelo menos, desde o começo da segunda década dos anos 2000. Em 2020, os relatórios dos principais divulgadores de pesquisas de tendências indicaram o trabalho home office como uma das mudanças essenciais para os próximos anos. O que ninguém esperava era o surgimento de uma pandemia que aceleraria a adoção desse indício de forma imediata. Um estudo realizado pelo Ipea indicou que mais de 20 milhões de profissionais tendem a realizarem suas funções longe do local dos escritórios nos próximos meses. Necessidade de adequação - O desenvolvimento de tarefas profissionais em ambientes não tradicionais de trabalho já era uma realidade no Brasil. Um exemplo disso são os locais dedicados ao coworking, que ganharam espaço nas principais capitais, se estendendo para shopping centers e lojas em várias cidades. Oferecendo estrutura básica — mobiliário, cômodo tranquilo e conexão de internet estável — esses espaços atraíram profissionais autônomos e funcionários de empresas que já permitiam o trabalho flexibilizado. Assim como todos os serviços não essenciais, os espaços de trabalho compartilhados tiveram que fechar as portas por tempo indeterminado, obrigando os profissionais a adaptarem seus próprios lares como locais para trabalhar. Esse, inclusive, foi um dos impactos mais perceptíveis por grande parte das pessoas. Acostumadas a estarem em casa, praticamente, só para dormir, muitas se viram a necessidade de adequar a residência em um lar. Adaptação de ambientes - Tanto quem passou a trabalhar em casa, quanto as empresas que precisaram dispensar seus funcionários, enfrentam a fase de adaptação. Para que o desenvolvimento das atividades seja possível, o mínimo de estrutura passa a ser necessário no ambiente caseiro — como um local tranquilo, mesas e cadeiras confortáveis e uma conexão estável de internet. Nas empresas, a readequação passa pela compra de equipamentos para dar suporte à nova demanda de videoconferências, assim como uma mudança na própria distribuição da estrutura dentro dos escritórios. Aqui, no Brasil, um dos maiores problemas enfrentados pelos profissionais tem sido a qualidade do sinal de internet em casa. Embora presentes em grande parte do território nacional, as operadoras não estavam preparadas em termos estruturais para atender uma demanda tão ampla e constante. Outro fator a ser considerado é a mudança de ambiente. O escritório deixou de ser sinônimo de produtividade — para o bem e para o mal. Em conclusão, empresas e trabalhadores já perceberam os benefícios que o trabalho remoto pode oferecer para ambos os lados. Porém, companhia devem garantir a estrutura mínima que permita que elas exijam o mesmo grau de produtividade, ao mesmo tempo que os trabalhadores tenham a chance de adaptarem seus espaços de acordo com a necessidade pessoal de cada um.