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Doutores do Reino e o remédio da alegria
Segunda-feira, 26 Agosto de 2019 - 11:40 | Redação
Pandora, Batata, Gigica, Katrina e Gondinha. São nomes de doutores que atuam na Santa Casa de Campo Grande. O remédio que oferecem é a alegria. O sorriso dos pacientes é a grande recompensa que recebem.
Os cinco são palhaços e integram o grupo ‘Doutores do Reino’ criado originalmente na Igreja Batista Coronel Antonino, na Capital, em 2012, para fazer ações voluntárias em hospitais, especialmente junto às crianças, e asilos.
“A gente vem para doar, mas acaba levando algo muito maior. Por vezes, os pais de alguma criança vem nos agradecer chorando. A gente sai revigorado”, comenta o palhaço Batata.
Por trás de cada simpático personagem, existe um ser humano que luta diariamente para conciliar vida pessoal, profissional e o serviço voluntário do qual sentem orgulho.
O trabalho do grupo foi escolhido para fechar a série de matérias especiais do aniversário de Campo Grande que neste ano está destacando campo-grandenses de valor, cidadãos que dedicam tempo, dinheiro e amor em ações voluntárias. Além da Santa Casa, o outro local fixo de trabalho do grupo é o Asilo São João Bosco, no Bairro Tiradentes. Porém, neste caso, os personagens são outros. Eles se transformam na família Bom Tempo.
O ‘Doutores do Reino’ tem quase 50 integrantes, todos capacitados para fazer rir quem está sofrendo ou se sente sozinho. No grupo estão unidas pessoas de diferentes áreas profissionais. Há médicos, artesãos, advogados, funcionários públicos, estudantes, vendedores, matemáticos e outros.
O Batata, por exemplo, é supervisor de cobranças e fotógrafo. Seu nome é Cláudio Carneiro. Ele conheceu o grupo nas redes sociais da internet e se habilitou para participar. “A gente passa por um curso de preparação em palhaçaria. É preciso aprender a abordar as crianças e os idosos”, explica que dedica cerca de 10 horas por mês às ações na Santa Casa e Asilo São João Bosco.
Já Pandora é artesã Tatiana Agnelli de Souza. Ela está no grupo há três anos. “Eu sempre trabalhei em ações sociais e tive contato com o grupo na igreja. Entendo que é algo que estou fazendo para Deus”, analisa. “É claro que conciliar não é fácil. Eu poderia estar produzindo minhas peças neste momento, mas eu optei por este trabalho social que é muito gratificante”, afirma Tatiana que é a tesoureira do grupo.
Ela conta que recebe todo apoio da família para atuar nas ações voluntárias. Um dos filhos dela, inclusive, já acompanha o grupo nas visitas ao Asilo. É o pequeno palhaço Vovô.
Já Gigica é a advogada Giovana Vieira. Ela ficou sabendo do grupo após um anúncio feito na igreja e decidiu fazer o curso de palhaçaria. Assim, Gigica nasceu há cerca de três anos, fazendo da própria Giovana uma pessoa melhor, segundo ela mesma relata.
“Quando estou diante das crianças, eu procuro ter a idade que elas têm. O trabalho no grupo fez de mim uma pessoa mais agradecida. Já ví muitas crianças doentes, em situação difícil, e agradecendo a Deus por mais um dia de vida. Aí eu enxerguei que a gente reclama por muito pouco.”
Quem dá vida à doutora Katrina é a professora de educação especial Solange Elisabeth Félix. “Eu sempre lidei com crianças, então quando a oportunidade de fazer palhaçaria surgiu percebi na hora que tinha vocação. A educadora ajudou a Katrina e a Katrina ajudou a educadora. O trabalho como palhaça aperfeiçoou a relação com os meus alunos especiais”, comenta.
Solange trabalha o dia todo na rede pública de ensino. É esposa, mãe de dois filhos e, apesar da rotina corrida, é sempre muito animada em atuar no Doutores do Reino. “O que temos aqui é um grande aprendizado. A gente passa a enxergar a vida de outra maneira”, enaltece.
Por trás da doutora Gondinha também existe uma funcionária pública com carga horária de trabalho bem puxada. Sheila Mieyake Ferreira é agente comunitária da saúde. Ela é tão feliz na palhaçaria que atua em dois grupos de ações sociais.
No Doutores do Reino, Sheila está há dois anos e pretende se aperfeiçoar cada vez mais na ofício de fazer as pessoas felizes. “A palhaçaria faz você buscar lá no fundo o oposto de seu ser. É um mundo do tudo pode. Algo que um ser humano fechado e sério não faria, um palhaço faz e não soa ofensivo”, comenta.
Sheila programa sua vida voluntária no calendário no começo de cada ano. “Todo mês, eu tenho um domingo para minha família, outro para família do meu marido e outros dois para o voluntariado. Além disso, durante a semana, após o expediente de trabalho eu faço cursos para aperfeiçoar meus personagens da palhaçaria, como violão, teatro e leitura de livros”, detalha.
O transporte e figurino é da responsabilidade de cada integrante. O grupo cobra uma taxa simbólica de R$ 10,00, dinheiro que é poupado para trazerem palestrantes de fora para aperfeiçoamento dos palhaços.
Visita da Alegria - O Diário Digital acompanhou uma manhã de trabalho do grupo na ala pediátrica da Santa Casa. Antes de iniciarem as visitas, os voluntários fazem uma oração. Em seguida, eles começam a transformar o ambiente nos corredores do hospital. Ninguém passa despercebido. Funcionários e visitantes são sempre alvo de piadas bem-humoradas. Com isso, risadas ecoam no local.
Nos quartos das crianças não é diferente. O brilho nos olhos dos pequeninos acamados revela que a alegria chegou. Os palhaços usam vários objetos para fazer as crianças entrarem nas brincadeiras como fotografias, bolinhas de sabão, instrumentos musicais e outros equipamentos lúdicos.
Eles cantam e dançam para entreter os pacientes. Até mesmo os pais ou acompanhantes são chamados para chacoalhar. Foi o caso da vendedora Danielle Gamileiro. Ela dançou com Gondinha, Katrina e Gigica e conseguiu alegrar a filha, Zeni Karine Veiga, de 4 anos, que está internada em razão de uma pneumonia.
“Acho maravilhoso eles virem até aqui. A criança fica fechada no quarto, deitada na cama e eles conseguem trazer alegria. Senti que fez bem para minha filha. A Zeni conversou, cantou e sorriu”, observa a mãe.
Quem também elogiou o trabalho do grupo foi a dona de casa Lária Rosa, mãe de Isac Rosa Pereira, de 7 anos, internado devido a uma crise de asma. O menino participou de joguinhos com Batata e Pandora e até cantou com eles.
“Foi bem legal”, analisa o menino para alegria da mãe. “O Isac estava triste, choroso, reclamão. Depois da visita dos palhaços, ficou todo faceiro, isso me deixa muito feliz também”, afirma.
Pluralidade – Vale mencionar que embora o grupo tenha sido criado originalmente numa igreja evangélica, não há exigência de religiosidade para participar do Doutores do Reino. Segundo os palhaços, há integrantes católicos, espíritas e até sem religião definida.
Mais detalhes sobre o grupo podem ser obtidos nas redes sociais da internet pelo Instagram (@doutoresdoreino) e Facebook (doutoresdoreino).
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